Durante o Pontificado de João Paulo II (maio de
2004) e de Bento XVI (setembro 2005), tem havido um forte encorajamento para
que a Igreja propague a Cultura de Pentecostes. Obviamente este é um conceito
amplo, com várias dimensões, mas, sem dúvida, este chamado encontra eco na
Renovação Carismática. Por ocasião do 40º aniversário da RCC, o Cardeal Rylko,
Presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, falou sobre a experiência do
batismo no Espírito ou efusão do Espírito. Ele disse que esta experiência, que
é central para a Renovação Carismática e que tem envolvido milhões de católicos
em todos os continentes, poderia ser o ponto de partida para a Cultura de
Pentecostes.
A Graça de Pentecostes é uma Graça Missionária
É, portanto, importante que abracemos o nosso
mandato. Não fomos chamados apenas a ser pessoas que experimentaram um
“Pentecostes pessoal”, que é obviamente muito importante, mas junto com essa
experiência vem uma responsabilidade. Somos chamados a ser canais para as
graças de Pentecostes na Igreja e no mundo. Quando o Espírito Santo desceu
sobre os apóstolos no Cenáculo, todos ficaram cheios do Espírito Santo. Eles
experimentaram não apenas uma renovação pessoal, mas foram também capacitados
com dons tais como a oração em línguas / glossolália e com coragem, o que lhes
permitiu modificar poderosamente a cultura ao seu redor. Eles foram
transformados e Pedro, que era um leigo sem instrução, foi capaz de convencer
de tal forma as multidões que elas aceitaram sua mensagem e foram batizadas.
Naquele primeiro dia, cerca de 3.000 novos convertidos foram acrescentados em
número. Em todo o Livro dos Atos dos Apóstolos, Lucas registra muitos casos em
que os apóstolos agiram no poder do Espírito Santo e, consequentemente, a
Igreja começou a crescer em número (por exemplo, Atos 2, 47; 4, 4; 5, 14; 6, 1;
7; 11, 21 e 24). Portanto, a graça de Pentecostes é essencialmente uma graça
missionária. Embora reconhecendo que na Renovação Carismática não temos um
monopólio do Espírito Santo, parece que temos uma vocação especial para sermos
embaixadores do Espírito Santo e difundir a Cultura de Pentecostes. Isto foi
enfatizado pelo Papa João Paulo II em 2002, quando ele disse:
"No nosso tempo, que é tão ávido de esperança, faça que o Espírito Santo seja conhecido e amado. Ajude a trazer para a vida aquela "Cultura de Pentecostes", que só ela pode tornar fecunda a civilização do amor e da co-existência amigável entre os povos. Com insistência fervorosa, não vos canseis de invocar "Vinde Espírito Santo! Vinde! Vinde! "(Discurso aos delegados da Renovação no Espírito Santo).
Saindo da Espiritualidade de Pentecostes para a Cultura de Pentecostes
O desafio para a RCC não é manter a espiritualidade
de Pentecostes limitada ao Grupo de Oração, ou mesmo restringi-la apenas à Renovação Carismática.
A evangelização deve ser uma prioridade para nós, como foi para os apóstolos,
quando deixaram o Cenáculo. Já em 1992, o Papa Bento (então Cardeal Ratzinger)
escreveu:
"Será que vamos descobrir o segredo do
primeiro Pentecostes na Igreja? Será que vamos oferecer-nos humildemente ao
poder renovador do Espírito Santo para que Ele possa nos libertar da nossa
pobreza e da nossa total incapacidade de realizar a tarefa de anunciar Jesus
Cristo aos nossos semelhantes?... O Cenáculo é o lugar onde os cristãos se
deixam, ao acolher o Espírito Santo, ser transformados pela oração. Mas é
também o lugar de onde saimos para levar o fogo de Pentecostes aos irmãos e
irmãs "(Revista New Covenant).
Claramente, o Pentecostes é para o mundo. Trata-se
de transformar a sociedade através do poder do Espírito Santo. A Cultura de
Pentecostes cria uma sociedade que respeita a dignidade humana através do
reconhecimento de que a humanidade é feita à imagem e semelhança de Deus.
É uma sociedade na qual a esperança reina de forma
suprema e a luz brilha mais forte do que qualquer escuridão. É exatamente o
oposto do relativismo cultural que permeia grande parte do nosso mundo. Em uma
conferência em Lucca, Itália, em 2005, Salvatore Martinez definiu a Cultura de
Pentecostes como "o antídoto para o mal obscuro do mundo". Em
resposta, o Cardeal Rylko disse: "Temos que aprender o método do Espírito
Santo que opera na história e renova a face da terra, para não sermos vencidos
pelo mal".
Nós todos temos uma responsabilidade, como
indivíduos e como Grupos, de discernir as formas pelas quais o Senhor nos chama
a sermos os promotores da Cultura de Pentecostes. Uma maneira em que isso vai
acontecer é intensificando a Espiritualidade de Pentecostes na Igreja. Talvez
você possa fazer isso incentivando o maior número de pessoas a participar da
Novena de Pentecostes, e, assim, juntarem-se ao testemunho mundial do
Pentecostes das Nações. A partir deste local de intercessão, estaremos
habilitados a estender a mão para o mundo, promovendo a Cultura de Pentecostes
através do testemunho de nossas vidas e através das obras de misericórdia e
justiça.
Por Michelle Moran