(Sacramento da misericórdia de Deus)
Pe. Ednilson de Jesus, MIC // Reitor do Santuário da Divina Misericórdia – Curitiba
INTRODUÇÃO:
Cresce cada vez mais na consciência dos
cristãos a necessidade de viver na graça de Deus. Sabemos pela Palavra de Deus,
que a única coisa que pode nos afastar do amor de Deus é o pecado, pois o
pecado é desobediência a Deus, afastamento de Deus, desejo humano de ser “como
deuses”, conhecendo e determinando o bem e o mal (Gn 3,5). Mas, a misericórdia
infinita de Deus não recua diante do nosso pecado: Deus não nos rejeita, mesmo
quando voltamos às costas para Ele. Como o pastor que vai atrás da ovelha
perdida (Lc 15, 1-7), Deus vai ao nosso encontro, não para condenar, não para
punir ou acertar as contas, mas para salvar e amar. Nisso reside o mistério da
misericórdia divina.
Como nos ensina o Catecismo (n. 1846), “o Evangelho é a revelação, em Jesus Cristo,
da misericórdia de Deus para com os pecadores”. Desde o anúncio da vinda de
Jesus, já se destaca sua tarefa de reconciliador entre Deus e os homens. Lemos
no início do Evangelho de São Mateus o que o anjo disse a José: “Por-lhe-ás o nome de Jesus, porque Ele
salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt
1, 21).
Queremos propor neste texto elementos
para um aprofundamento da reflexão sobre o sacramento da reconciliação, a fim
de que você e eu possamos nos aproximar ainda mais de Deus pela vivência desse
sinal visível e extraordinário de sua infinita misericórdia. Pautamo-nos,
sobretudo, pela Palavra de Deus e pelo Catecismo da Igreja Católica, cujas
referências estão aqui apresentadas para favorecer seu estudo pessoal do tema.
1. O QUE A IGREJA FALA SOBRE A RECONCILIAÇÃO.
O Catecismo da Igreja Católica é, sem
dúvida, a grande referência da palavra da Igreja sobre as verdades da fé,
incluindo o sacramento da reconciliação. Ele faz alusão a outros textos
importantes do magistério da Igreja (os escritos dos papas, documentos do
Concílio Vaticano II, etc).
A reconciliação deve ser compreendida à
luz do ensinamento da Igreja sobre o pecado. Convido você a dedicar algum tempo
para estudar o que o Catecismo nos ensina sobre este tema (n. 1846-1876). A melhor síntese do que é o pecado foi descrita por
Santo Agostinho, que escreveu: “O pecado
é amor de si mesmo até ao desprezo de Deus”.
Santo Agostinho, sem dúvida, viveu a experiência do pecado e da
misericórdia, como nos relata em suas Confissões. Por isso, ele é aqui citado
diversas vezes, como uma referência pessoal, mas também como o maior representante
da tradição patrística da Igreja. Onde o pecado manifestou toda sua força e
violência? O Catecismo responde a esta pergunta dizendo:
“É precisamente na paixão, em que a
misericórdia de Cristo o vai vencer, que o pecado manifesta melhor a sua violência
e a sua multiplicidade: incredulidade, ódio assassino, rejeição e escárnio por
parte dos chefes e do povo, cobardia de Pilatos e crueldade dos soldados,
traição de Judas tão dura para Jesus, negação de Pedro e abandono dos
discípulos. No entanto, mesmo na hora das trevas e do príncipe deste mundo, o
sacrifício de Cristo torna-se secretamente a fonte de onde brotará,
inesgotável, o perdão dos nossos pecados” (Catecismo, n. 1851).
O Concílio Vaticano II nos ensina que a
reconciliação tem um duplo sentido: em primeiro lugar, refere-se ao nosso
reencontro com Deus; em segundo lugar, significa também nossa reconciliação com
a Igreja: “Aqueles que se aproximam do
sacramento da Penitência obtêm da misericórdia de Deus o
perdão da ofensa a Ele feita e, ao
mesmo tempo, são reconciliados com a Igreja, que tinham ferido
com o seu pecado, a qual, pela caridade, exemplo e oração, trabalha pela sua
conversão” (LG, 11). O Catecismo reforça este ensinamento, quando
escreve: “O pecado é, antes de mais,
ofensa a Deus, ruptura da comunhão com Ele. Ao mesmo tempo, é um atentado
contra a comunhão com a Igreja. É por isso que a conversão traz consigo, ao
mesmo tempo, o perdão de Deus e
a reconciliação com a Igreja, o
que é expresso e realizado liturgicamente pelo sacramento da Penitência e Reconciliação” (Catecismo, n. 1440).
Chamamos a atenção para o uso que a
Igreja faz de diferentes nomes para esse sacramento. Cada um deles indica uma
direção diferente, que não se opõem nem se excluem, mas se complementam. Cada
um deles mostra uma ênfase distinta, como as várias faces de um diamante:
1) a penitência acena mais para o sacrifício, a pena, a expiação do pecado; ela “consagra um esforço pessoal e eclesial de conversão, de arrependimento e de satisfação do cristão pecador” (Catecismo, n. 1423);
2)
a confissão indica
mais a atitude
de assumir publicamente
nossos erros e de
tomarmos consciência de
nossa responsabilidade; a
Igreja declara que “a
confissão dos pecados diante
de um sacerdote
é um elemento
essencial desse sacramento” (Catecismo,
1424);
3) chama-se também sacramento do perdão,
pois por meio dele Deus nos concede “o
perdão e a paz”, como reza a fórmula da absolvição;
4)
por fim, é
o sacramento da
reconciliação que melhor
explica a natureza
e o mistério desse sacramento:
por ele, desfazemos o abismo que nos separou de Deus, reatamos o nó que nos liga a Deus, voltamos à amizade e
à convivência com Deus, como Jesus mostrou pela parábola do filho pródigo (Lc 15, 11-32) e cumprimos aquilo que o
Apóstolo Paulo nos ensina: “Reconciliai-vos
com Deus” (2Cor 5,20).
A Igreja também nos convida a observar
os tempos propícios à conversão ao longo do ano litúrgico: “Os tempos e os dias de penitência no decorrer do Ano Litúrgico (tempo
da Quaresma, cada sexta-feira em memória da morte do Senhor) são momentos
fortes da prática penitencial da Igreja. Estes tempos são particularmente
apropriados para os peregrinações em sinal de penitência, as privações
voluntárias como o jejum e a esmola, a partilha fraterna (obras caritativas
e missionárias)” (Catecismo, n. 1438).
2. SEGUNDO A BÍBLIA O QUE DEUS NOS FALA SOBRE A RECONCILIAÇÃO.
Do Gênesis ao Apocalipse reconhecemos
as linhas da história da salvação, onde o Deus-Amor quer estabelecer os
vínculos com sua criatura “feita à
sua imagem” e amada
com amor de predileção. Embora
não possamos nos deter exaustivamente aqui em analisar toda a tradição bíblica,
vamos acenar para alguns pontos. A
Palavra de Deus revela a condição humana, na qual todos somos pecadores: “Se dissermos que não temos pecado,
enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós” (1 Jo 1, 8). Todo o Antigo testamento é
uma expressão viva do amor de Deus que quer restabelecer a Aliança, tantas
vezes destruída pela nossa infidelidade.
Em Jesus, contudo, o coração
misericordioso do Pai se derrama em amor e compaixão pelos homens. Mas, Deus
não nos força a aceitar a redenção. Por isso, Jesus nos convida à conversão: “O tempo chegou ao seu termo, o Reino de
Deus está próximo: convertei-vos e acreditai na boa-nova” (Mc 1,15). A conversão é, pois, uma
atitude pessoal que deve nascer do amor a Deus despertado pelo Seu Amor por
nós. É Deus, pois, que com Seu Amor nos ajuda a dar o passo da conversão: a
conversão, assim, também é dom de Deus operado em nós, como expressa o livro das
Lamentações “Convertei-nos, Senhor, e
seremos convertidos” (Lm 5, 21).
Jesus nos ensinou a rezar pedindo perdão a Deus: “Perdoai-nos as nossas ofensas” (Lc 11, 4) e mostrou que só Deus perdoa os pecados (Mc 2,7). Mas,
mostrou também que o Filho do Homem tem poder de perdoar os pecados (Mc 2,10) e
Jesus exerce este poder: “Teus pecados
estão perdoados” (Mc 2,5; Lc 7,48).
Em virtude de sua autoridade divina, Jesus transmite o poder de perdoar os
pecados aos homens, para que o exerçam em seu nome (Jo 20, 21-23 e Catecismo,
n. 1441). Jesus “confiou o exercício do
poder de absolvição ao ministério apostólico. É este que está encarregado do
‘ministério da reconciliação’ (2Cor 5, 18). O apóstolo é enviado ‘em nome de
Cristo’ e ‘é o próprio Deus’ que, através dele,
exorta e suplica:
‘Deixai-vos reconciliar com
Deus’ (2Cor 5,
20)” (Catecismo, n. 1442).
E ainda diz o Catecismo: “Ao tornar os Apóstolos participantes do
seu próprio poder
de perdoar os
pecados, o Senhor dá-lhes também
autoridade para reconciliar os
pecadores com a
Igreja. Esta dimensão eclesial
do seu ministério exprime-se,
nomeadamente, na palavra solene
de Cristo a Simão Pedro: ‘Dar-te-ei as chaves do Reino dos céus; tudo o
que ligares na terra ficará ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra
ficará desligado nos céus’ (Mt 16, 19). Este mesmo encargo de ligar e desligar,
conferido a Pedro, foi também atribuído ao colégio dos Apóstolos unidos à sua
cabeça (Mt 18,18; 28, 16-20)” (Catecismo,
n. 1444).
A Palavra de Deus também nos ensina que
é o Espírito Santo quem nos convence a respeito do pecado (Jo 16, 8-9). O
Espírito Santo “dá ao coração do homem a graça do arrependimento e da
conversão” (Catecismo, n. 1433 e At
2,36-38). São Paulo afirma, pois: “Vós
fostes lavados, fostes santificados, fostes justificados pelo nome do Senhor
Jesus Cristo e pelo Espírito do nosso Deus” (1 Cor 6, 11). A Bíblia ainda revela que a Eucaristia também é
sinal da misericórdia de Deus que se derrama sobre nós, pecadores: “Isto é o meu sangue, o sangue da Aliança,
que é derramado por muitos para a remissão dos pecados” (Mt
26,28), são as palavras de Jesus repetidas no rito eucarístico da
consagração. Recordando o ensinamento do Concílio de Trento, o Catecismo nos
diz que a Eucaristia “é o antídoto que
nos livra das faltas quotidianas e nos preserva dos pecados mortais” (Catecismo, n. 1436). Iluminados pela
Palavra de Deus, devemos nos esforçar para sermos “santos e imaculados na sua presença” (Ef 1, 4). Devemos viver o amor e a misericórdia, como resposta ao
amor e à misericórdia que Deus tem por nós, pois só o amor “cobre uma multidão de pecados” (1Pe 4, 8).
3. COMO PREPARAR-SE PARA O SACRAMENTO DA RECONCILIAÇÃO.
A preparação para o sacramento da
reconciliação começa pelo exame de consciência, pelo qual revemos nossas ações,
pensamentos e atitudes e os comparamos com aquilo que Deus quer. A vontade de
Deus e seus mandamentos devem ser a nossa referência de vida e, portanto, a
baliza de nosso exame de consciência. Deus respeita nossa consciência, Ele não
nos invade, mas nos convida a nós mesmos reconhecermos nossa pequenez e
limitação, derramando nossa alma na presença do Senhor (1Sm 1,15).
O exame de consciência leva ao
arrependimento sincero ou contrição. Quando percebo que minhas atitudes e ações
não correspondem ao que Deus quer, o Amor de Deus acende em nós aquela saudade
de viver perto de Deus. É esta saudade de Deus que nos leva ao arrependimento.
Vale a pena rezar o Salmo 50, para compreender a dinâmica de um coração arrependido.
Acima de tudo, o exame de consciência e o arrependimento devem estar assentados
numa atitude interior, como nos ensina o Catecismo: “Como já acontecia com os profetas, o apelo de Jesus à conversão e à
penitência não visa primariamente as obras exteriores, ‘o saco e a cinza’, os
jejuns e as mortificações, mas a conversão do coração, a penitência interior:
Sem ela, as obras de penitência são estéreis
e enganadoras; pelo
contrário, a conversão
interior impele à
expressão dessa atitude cm sinais
visíveis, gestos e obras de penitência” (Catecismo, n. 1430).
Portanto, “a conversão é, antes de mais, obra da graça de Deus, a qual faz com
que os nossos corações se voltem para Ele” (Catecismo, n. 1431). Esta disposição de voltar-se para Deus constitui
o elemento fundamental da preparação para a confissão.
4. A IGREJA ADOTA A CONFISSÃO COMUNITÁRIA?
Sobre este ponto, de particular
atenção, vejamos o que nos diz a Igreja: “A
confissão individual e íntegra e a absolvição constituem o único modo ordinário
pelo qual o fiel, consciente de pecado grave, se reconcilia com Deus e com a
Igreja: somente a impossibilidade física ou moral o escusa desta forma de
confissão. Há razões profundas para que assim seja. Cristo age em cada um dos
sacramentos. Ele dirige-Se pessoalmente a cada um dos pecadores: ‘Meu filho,
os teus pecados são-te perdoados’ (Mc 2, 5); Ele é o médico
que Se inclina sobre cada um dos doentes com necessidade d'Ele para os curar:
alivia-os e reintegra-os na comunhão fraterna. A confissão pessoal é, pois, a
forma mais significativa da reconciliação com Deus e com a Igreja” (Catecismo, n. 1484).
Contudo, a Igreja também reconhece a
necessidade da confissão com absolvição geral. Vejamos o texto do Catecismo a
este respeito: “Em casos de grave
necessidade, pode-se recorrer à celebração comunitária da reconciliação, com
confissão geral e absolvição geral. Tal necessidade grave pode ocorrer quando
há perigo iminente
de morte, sem
que o sacerdote
ou os sacerdotes tenham tempo suficiente para ouvir
a confissão de cada penitente. A necessidade grave pode existir
também quando, tendo
em conta o
número dos penitentes,
não há confessores bastantes
para ouvir devidamente
as confissões individuais
num tempo razoável, de modo que
os penitentes, sem culpa sua,
se vejam privados, durante muito tempo, da graça sacramental ou da sagrada Comunhão. Neste caso, para a validade
da absolvição, os fiéis devem ter o propósito de confessar individualmente os
seus pecados graves em tempo
oportuno. Pertence ao
bispo diocesano julgar
se as condições requeridas para a absolvição geral
existem. Uma grande afluência de fiéis,
por ocasião de grandes festas
ou de peregrinações, não
constitui um desses
casos de grave necessidade” (Catecismo, n. 1483).
5. QUAIS OS BENEFÍCIOS E EFEITOS DA CONFISSÃO?
O maior benefício da confissão é voltar
a viver “de acordo com Deus”, como Santo Agostinho escreveu: “Aquele que confessa os seus pecados e os
acusa, já está de acordo com Deus. Deus acusa os teus pecados; se tu também os
acusas, juntas-te a Deus. O homem e o pecador são, por assim dizer, duas
realidades distintas. Quando ouves falar do homem, foi Deus que o criou: quando
ouves falar do pecador, foi o próprio homem quem o fez. Destrói o que fizeste,
para que Deus salve o que fez. [...] Quando começas a detestar o que fizeste, é
então que começam as tuas boas obras, porque
acusas as tuas obras más. O princípio
das obras boas é a confissão das más. Praticaste a verdade e vens à luz” (Cf. Catecismo, n. 1458).
A confissão opera em nós duas
reconciliações, o restabelecimento de dois laços: com Deus e com a Igreja, como
já dissemos, mas é preciso sublinhar novamente. De fato, “toda a eficácia da Penitência consiste em nos restituir à graça de
Deus e em unir-nos a Ele numa amizade perfeita. O fim e o efeito deste
sacramento são, pois, a reconciliação com Deus” (Catecismo, n. 1468). Por outro lado, “este sacramento reconcilia-nos com a Igreja. O pecado abala ou rompe a
comunhão fraterna. O sacramento da Penitência repara-a ou restaura-a. Nesse
sentido, não se limita apenas a curar aquele que é restabelecido na comunhão
eclesial, mas também exerce um efeito vivificante sobre a vida da Igreja que
sofreu com o pecado de um dos seus membros” (Catecismo, 1469).
6. QUAIS OS PREJUÍZOS QUANDO NÃO CONFESSAMOS REGULARMENTE?
O maior prejuízo da falta de confissão
regular é viver longe da graça de Deus. Comprometemos e colocamos em risco,
assim, a nossa própria salvação. “Deus
nos criou sem nós, mas não quis salvar-nos sem nós” (Santo Agostinho). Por isso, sem nossa atitude livre e decidida de
recorrer ao perdão de Deus e de nos converter, Deus não pode nos salvar. Precisamos entender que “a confissão regular dos nossos pecados
veniais ajuda-nos a formar a nossa consciência, a lutar contra as más
inclinações, a deixarmo-nos curar por Cristo, a progredir na vida do Espírito.
Recebendo com maior freqüência, neste sacramento, o dom da misericórdia do Pai,
somos levados a ser misericordiosos como Ele” (Catecismo, 1458).
7. QUAL A REGULARIDADE DA CONFISSÃO?
A Igreja nos ensina que a confissão
deve ser buscada “ao menos uma vez ao
ano” (Catecismo, n. 1457). Contudo, não devemos nos contentar com o
mínimo. Jesus mesmo fala, referindo-se à pecadora que sentou-se a seus pés na
casa de Simão: “A quem muito amou, muito
foi perdoado”. Quanto mais amamos a Deus, mais somos por ele perdoados.
Quanto mais recorremos ao Seu Amor, mais Ele desce a nós e nos faz viver em
comunhão com Seu Espírito. Por isso, a Igreja também afirma que “Sem ser estritamente necessária, a
confissão das faltas quotidianas (pecados veniais) é contudo vivamente
recomendada pela Igreja” (Catecismo,
n. 1458). No caso de pecados graves, no entanto, a Igreja assim ensina: “Aquele que tem consciência de haver
cometido um pecado mortal, não deve receber a sagrada Comunhão, mesmo que tenha
uma grande contrição, sem ter
previamente recebido a absolvição sacramental; a não ser que tenha um motivo
grave para comungar e não lhe seja possível encontrar-se com um confessor” (Catecismo, n. 1457).
8. QUEM PODE SE CONFESSAR?
Conforme a recomendação da Igreja, “todo o fiel que tenha atingido a idade da discrição,
está obrigado a confessar fielmente os pecados graves, ao menos uma vez ao ano”
(Catecismo, n. 1457) e, ainda: “As crianças devem aceder ao sacramento da
Penitência antes de receberem pela primeira vez a Sagrada Comunhão” (Catecismo, n. 1457).
Há ainda um outro aspecto: a confissão
deve ser buscada por aqueles cristãos que, de fato, querem (e podem) realizar a
conversão de vida. Não é lícito buscar o
sacramento sem sincero arrependimento e mudança de vida. Se eu busco o
sacramento, mas não quero deixar de viver como estava vivendo, em estado de
pecado, estou abusando da graça de Deus.
9. CONCLUSÃO
Esta breve reflexão, evidentemente, não
encerra toda a riqueza doutrinal e bíblica sobre o sacramento da reconciliação.
Oferece, contudo, algumas pistas para o aprofundamento que deve ser feito por
você e por mim. Gostaria de encerrar convidando você a rezar e interiorizar, na
unção do Espírito Santo, o que a Igreja expressa no rito da confissão, na
conhecida fórmula da absolvição. Faço votos de que você e eu possamos viver com
cada vez mais profundidade o mistério do amor misericordioso de Deus que se
desvela no sacramento da confissão. Deus, Pai de misericórdia, que, pela morte
e ressurreição de seu Filho, reconciliou o mundo consigo e enviou o Espírito
Santo para a remissão dos pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja, o
perdão e a paz. E Eu te absolvo dos teus pecados em nome do Pai, e do Filho e
do Espírito Santo.