Bem-vindos, amados irmãos e irmãs!
Agradeço-vos
o vosso acolhimento e saúdo todos carinhosamente. Estou ciente de que a
Catholic Fraternity já realizou o encontro com o executivo e com o conselho, e
que esta tarde dareis início à XVI conferência internacional, com o estimado
padre Raniero.
Tivestes
a amabilidade de me enviar o programa, e vejo que cada encontro começa com o
discurso que eu dirigi à Renovação Carismática, por ocasião do encontro no
Estádio Olímpico, no passado mês de Junho.
Antes
de tudo, quero congratular-me convosco, porque destes início àquilo que naquele
momento era apenas um desejo. A Catholic Fraternity e os ICCRS já começaram a
trabalhar, há aproximadamente dois meses, compartilhando uma mesma sede no
Palácio de São Calisto, no interiror da «Arca de Noé». Estou consciente de que
não deve ter sido fácil tomar esta decisão, e estou-vos cordialmente grato por
este testemunho de unidade e da corrente de Graça, que continuais a oferecer ao
mundo inteiro.
Gostaria
de aprofundar alguns temas, que considero importantes.
Unidade
na diversidade. A uniformidade não é católica, não é cristã. A unidade na
diversidade. A unidade católica é diversificada, mas é uma só. É curioso! O que
faz a diversidade é igual àquilo que depois faz a unidade: o Espírito Santo.
Ele realiza ambas: a unidade na diversidade! A unidade não é uniformidade, não
consiste em fazer obrigatoriamente tudo juntos, nem pensar do mesmo modo e nem
sequer perder a própria identidade. Unidade na diversidade é precisamente o
contrário, é reconhecer e aceitar com alegria os diversificados dons que o
Espírito Santo concede a cada um e colocá-los ao serviço de todos na Igreja.
Hoje
o trecho do Evangelho que lemos na Missa continha a uniformidade daqueles
homens apegados à letra: «Não se deve agir assim...», a tal ponto que o Senhor
teve de perguntar: «Mas diz-me, é lícito ou não fazer o bem em dia de sábado?».
Este é o perigo da uniformidade! A unidade consiste em saber ouvir, em aceitar
as diferenças, em ter a liberdade de pensar diversamente e em manifestá-lo! Com
todo o respeito pelo próximo, que é o meu irmão. Não tenhais medo das
diferenças! Como eu disse na Exortação Evangelii gaudium: «O modelo não é a
esfera, que não é superior às partes, onde cada ponto é equidistante do centro
e não há diferenças entre um ponto e o outro. O modelo é o poliedro, que
reflecte a confluência de todas as partes, que nele mantêm a sua originalidade»
(n. 236), mas fazem a unidade.
Vi
no opúsculo, onde estão os nomes das Comunidades, que a frase por vós escolhida
para inserir na abertura, reza assim: «...compartilhar com todos, na Igreja, o
Baptismo no Espírito Santo». A Igreja tem necessidade do Espírito Santo, Deus
nos livre se não fosse assim! Cada cristão, na sua vida, tem necessidade de
abrir o próprio coração à obra santificadora do Espírito Santo. O Espírito,
prometido pelo Pai, é Aquele que nos revela Jesus Cristo, que nos oferece a
possibilidade de dizer: Jesus! Sem o Espírito não o podemos dizer. Ele revela
Jesus Cristo, conduzindo-nos ao encontro pessoal com Ele, e é assim que a nossa
vida muda. Uma pergunta: Viveis esta experiência e também a compartilhais? Mas
para a compartilhar é necessário vivê-la, é preciso ser testemunha disto!
O
tema que escolhestes para o Congresso é: «Louvor e Adoração para uma nova
evangelização». É disto que falará o padre Raniero, mestre de oração. O louvor
é a inspiração que nos dá vida, porque é a intimidade com Deus, que aumenta com
o louvor de cada dia. Há tempos ouvi este exemplo, que me parece muito
apropriado: a respiração para o ser humano. A respiração é constituída por duas
fases: inspirar, ou seja, deixar entrar o ar, e expirar, deixá-lo sair. A vida
espiritual alimenta-se, nutre-se da oração e manifesta-se na missão:
inspiração, a oração, e expiração. Quando inspiramos, na oração, recebemos o ar
novo do Espírito, e ao expirá-lo, anunciamos Jesus Cristo, suscitado pelo mesmo
Espírito.
Ninguém
pode viver sem respirar. Acontece o mesmo com o cristão: sem o louvor e sem a
missão, ele não vive como cristão. E com o louvor, a adoração. Fala-se pouco de
adorar. «O que se faz na oração?» — «Dirijo pedidos a Deus, agradeço, faço
súplicas de intercessão...». A adoração, adorar a Deus. Isto faz parte da
respiração: o louvor e a adoração.
Foi
a Renovação Carismática que recordou à Igreja a necessidade e a importância da
oração de louvor. Quando se fala de louvor na Igreja, vêm à mente os
carismáticos. Quando falei da oração de louvor, durante uma Missa em Santa
Marta, eu disse que não é somente a oração dos carismáticos, mas da Igreja
inteira! Trata-se do reconhecimento do senhorio de Deus sobre nós e sobre toda
a criação, expressa com a dança, a música e os cânticos.
Agora
gostaria de retomar alguns trechos daquela homilia: «A oração de louvor é uma oração
cristã para todos nós. Na Missa, todos os dias, quando cantamos repetindo
“Santo, Santo, Santo...”, nisto consiste a prece de louvor: louvamos a Deus
pela sua magnanimidade, porque é grande! E dirigimos-lhe palavras bonitas,
porque nos agrada que seja assim... A oração de louvor torna-nos fecundos! Sara
dançava na grandiosa hora da sua fecundidade, com noventa anos! A fecundidade
louva o Senhor! O homem ou a mulher que louvam o Senhor, que rezam prestando
louvor ao Senhor — e quando o fazem, dizem-no com felicidade — e alegram-se
quando entoam o cântico do Sanctus na Missa, são um homem, uma mulher fecundos.
Pensemos como é bonito recitar orações de louvor. Esta deve ser a nossa prece
de louvor e, quando a elevamos ao Senhor, devemos dizer ao nosso coração:
“Levanta-te, coração, porque estás diante do Rei da glória!”» (Missa em Santa
Marta, 28 de Janeiro de 2014).
Juntamente
com a oração de louvor, a prece de intercessão constitui hoje uma súplica ao
Pai pelos nossos irmãos perseguidos e até assassinados, e pela paz no nosso
mundo assolado.
Louvai
sempre o Senhor, não cesseis de o fazer, louvai-o cada vez mais,
incessantemente. Falaram-me de grupos de oração da Renovação Carismática nos
quais se recita o Rosário em comum. A oração a Nossa Senhora nunca deve faltar,
nunca! Mas quando vos reunis, louvai o Senhor!
Vejo
no meio de vós um querido amigo, o pastor Giovanni Traettino, ao qual fiz uma
visita há pouco tempo. Catholic Fraternity, não te esqueças das tuas origens,
não te esqueças que a Renovação Carismática é ecuménica por sua própria
natureza. Sobre este tema, na sua magnífica e sempre actual Exortação sobre a
evangelização, o Beato Paulo VI diz: «A força da evangelização virá a
encontrar-se muito diminuída, se aqueles que anunciam o Evangelho estiverem
divididos entre si, por toda a espécie de rupturas. Não residirá nisso uma das
grandes adversidades da evangelização nos dias de hoje? [...] O testamento
espiritual do Senhor diz-nos que a unidade entre os fiéis que o seguem, não
somente é a prova de que nós somos seus, mas também a prova de que Ele foi
enviado pelo Pai, critério de credibilidade dos mesmos cristãos e do próprio
Cristo. [...] Sim, a sorte da evangelização anda sem dúvida ligada ao
testemunho de unidade dado pela Igreja. Nisto há-de ser vista uma fonte de
responsabilidade, como também de conforto» (Evangelii nuntiandi, 77). Eis
quanto afirmava o Beato Paulo VI.
Ecumenismo
espiritual, rezar em comum, anunciar juntos que Jesus é o Senhor e intervir
comunitariamente em benefício dos pobres, de todas as formas de pobreza. É isto
que se deve fazer, sem esquecer que hoje o sangue de Jesus, derramado pelos
seus numerosos mártires cristãos, em várias regiões do mundo, nos interpela e
nos impele para a unidade. Para os perseguidores, nós não estamos divididos,
não somos luteranos, ortodoxos, evangélicos, católicos... Não, somos um só!
Para os perseguidores, nós somos cristãos! Nada mais lhes interessa. Nisto
consiste o ecumenismo do sangue, que hoje se vive.
Recordai-vos:
procurai a unidade, que é obra do Espírito Santo e não tenhais medo da
diversidade. A respiração do cristão que deixa entrar o ar sempre novo do
Espírito Santo e que o expira para o mundo. Oração de louvor e missão.
Compartilhai o Baptismo no Espírito Santo com quem quer que seja na Igreja.
Ecumenismo espiritual e ecumenismo do sangue. A unidade do Corpo de Cristo.
Preparar a Esposa para o Esposo que vem. Uma só Esposa! Todos! (cf. Ap 22, 17).
Finalmente,
uma menção especial, além do meu agradecimento, quero dirigi-la a estes jovens
músicos, provenientes do norte do Brasil, que executaram peças musicais no
início: espero que continuem a tocar um pouco mais! Eles receberam-me com muito
carinho, com o cântico: «Vive Jesus, o Senhor». Sei que eles prepararam algo
mais, e convido-vos todos a ouvi-los, antes de nos despedirmos. Obrigado!