Queridos irmãos e irmãs !
Eu
os agradeço pela acolhida. Certamente alguém falou para os organizadores que eu
gosto muito dessa música, “Vive Jesus, o Senhor”. Quando eu celebrava na
catedral de Buenos Aires a Missa com a Renovação Carismática, após a
consagração, e depois de alguns segundos de adoração em línguas, cantávamos
esta canção com tanta alegria e com força, como vocês cantaram hoje. Obrigado!
Senti-me em casa!
Agradeço
a Renovação no Espírito, o I’CCRS e a Fraternidade Católica, por este encontro
com vocês, que me dá tanta alegria. Agradeço também a presença dos primeiros
que tiveram uma forte experiência do poder do Espírito Santo, creio que a Paty
esteja aqui… Vocês, Renovação Carismática, receberam um grande presente do
Senhor. Vocês nasceram de um desejo do Espírito Santo como “uma corrente de
graça” na Igreja e para a Igreja. É isto que os define: “uma corrente de
graça”.
O
primeiro dom do Espírito Santo, qual é? O dom de si mesmo, que é amor e te faz
apaixonar-se por Jesus. E este amor muda a vida. Por esta razão, se diz “nascer
de novo para a vida no Espírito”. Como Jesus disse a Nicodemos. Vocês receberam
o grande dom da diversidade dos carismas, a diversidade que leva à harmonia do
Espírito Santo, ao serviço da Igreja.
Quando
penso em vocês carismáticos, me vem a mesma imagem da Igreja, mas de um modo
particular: penso em uma grande orquestra, na qual, cada instrumento é
diferente do outro, e também as vozes são diferentes, mas todos são necessários
para a harmonia da música. São
Paulo nos diz no capítulo 12 da Primeira Carta aos Coríntios.
Portanto,
como é uma orquestra, ninguém na Renovação pode pensar em ser mais importante
ou maior que o outro, por favor! Porque, quando alguém de vocês pensa que é
mais importante que o outro, maior que o outro, começa a peste! Ninguém pode dizer:
“Eu sou o chefe”. Vocês, como toda a Igreja, tem um só chefe, um só Senhor: o
Senhor Jesus. Repitam comigo: Quem é o chefe da Renovação? O Senhor Jesus! Quem
é o chefe da Renovação? (Os participantes repetem) O Senhor Jesus! E podemos
dizer isso com a potência que nos dá o Espírito Santo, porque ninguém pode
dizer: “Jesus é o Senhor”, sem o Espírito Santo.
Como
vocês devem saber – porque as notícias correm – nos primeiros anos da Renovação
Carismática, em Buenos Aires, eu não amava muito esses carismáticos. E eu dizia
a eles: “Parecem uma escola de samba!”. Eu não partilhava da maneira deles
rezarem e tantas coisas novas que estavam acontecendo na Igreja. Depois disso,
eu comecei a conhecê-los e eu finalmente entendi o bem que a Renovação
Carismática faz a Igreja. E essa história, que vai desde “escola de samba” para
a frente, termina de uma forma especial: alguns meses antes de participar no
Conclave, fui nomeado pela Conferência Episcopal, o assistente espiritual da
Renovação Carismática na Argentina.
A
Renovação Carismática é uma grande força no serviço do Evangelho, na alegria do
Espírito Santo. Vocês receberam o Espírito Santo que os fez descobrir o amor de
Deus por todos os seus filhos e o amor pela Palavra.
Nos
primeiros tempos diziam que vocês carismáticos estavam sempre com uma Bíblia, o
Novo Testamento… Vocês ainda fazem isso? [A multidão] Sim! Eu não tenho tanta
certeza! Se não, voltem a este primeiro amor, sempre levar no bolso, na bolsa,
a Palavra de Deus! E ler um trecho. Sempre com a Palavra de Deus.
Vocês,
o povo de Deus, o povo da Renovação Carismática, tenham cuidado para não
perder a liberdade que o Espírito Santo vos deu! O perigo para a Renovação,
como costuma dizer sempre, o nosso querido padre Raniero Cantalamessa, é a
organização excessiva: o perigo de organização excessiva. Sim, vocês
precisam de organização, mas não percam a graça de deixar Deus ser Deus! “No
entanto, não há maior liberdade do que deixar-se guiar pelo Espírito,
renunciando a calcular e controlar tudo, e permitir que Ele nos ilumine, nos
guie, nos oriente, nos impulsione para onde Ele quer. Ele sabe o que é
necessário em todas as épocas e em todos os momentos. Isso significa ser
misteriosamente fecundo!” (Exortação Evangelii Gaudium, 280).
Um
outro perigo é o de tornarem-se “controladores” da graça de Deus. Muitas vezes,
os responsáveis (eu gosto mais do nome de “servos”) de algum grupo ou algumas
comunidades tornam-se, talvez inconscientemente, os administradores da graça,
decidindo quem pode receber o oração da efusão no Espírito e quem não pode. Se
alguém faz assim, por favor, não façam mais isso, não faça mais isso! Vocês
são dispensadores da graça de Deus, e não controladores! Não imponham uma
alfândega ao Espírito Santo!
Nos
Documentos de Malines, vocês têm um guia, um percurso seguro para não errar o
caminho. O primeiro documento é: Orientação teológica e pastoral (1). O
segundo é: Renovação Carismática e Ecumenismo, escrito pelo Cardeal Suenes,
grande protagonista do Concílio Vaticano II. O terceiro é: Renovação
Carismática e serviço ao homem, escrito pelo Cardeal Suenes e por Dom Helder
Câmara.
Este
é o percurso de vocês: evangelização, ecumenismo espiritual, cuidado com os
pobres e necessitados e acolhida dos marginalizados. E tudo isso tendo como
base a adoração! O fundamento da Renovação é adorar a Deus!
Me
pediram para dizer o que o Papa espera da Renovação.
A
primeira coisa é a conversão ao amor de Jesus que muda a vida e faz do
cristão uma testemunha do Amor de Deus. A Igreja espera esse testemunho de vida
cristã e o Espírito nos ajuda a viver a coerência do Evangelho para a nossa
santidade.
Espero
de vocês que partilhem com todos, na Igreja, a graça do Batismo no Espírito
Santo (expressão que se lê nos Atos dos Apóstolos).
Espero
de vocês uma evangelização com a Palavra de Deus que anuncia que Jesus é vivo e
ama a todos os homens.
Que
vocês deem um testemunho de ecumenismo espiritual com todos os irmãos e irmãs
de outras Igrejas e comunidades cristãs que creem em Jesus como Senhor e
Salvador.
Que
vocês permaneçam unidos no amor que o Senhor Jesus pede a nós e a todos os
homens, na oração ao Espírito Santo para chegar a esta unidade, que é
necessária para a evangelização, em nome de Jesus. Lembrem-se que a “Renovação
Carismática é por sua própria natureza ecumênica… a Renovação Católica se
alegra com aquilo que o Espírito Santo realiza em outras Igrejas” (1 Malines
5,3 ).
Aproximem-se
dos pobres, dos necessitados, para tocar neles, nas feridas de Jesus.
Aproximem-se,
por favor! Procurem a unidade na Renovação, porque a unidade vem do Espírito
Santo e nasce da unidade da Trindade. A divisão, vem de quem? Do demônio! A
divisão vem do demônio. Fujam das lutas internas, por favor! Entre vocês, elas
não devem existir!
Quero
agradecer ao I’CCRS e a Fraternidade Católica, os dois organismos de Direito
Pontifício do Pontifício Conselho para os Leigos, a serviço da Renovação
mundial, empenhados em preparar a reunião mundial de padres e bispos, a ser
realizada em junho do próximo ano. Eu sei que decidiram compartilhar também o
mesmo escritório e trabalhar em conjunto, como um sinal de unidade e para
gerenciar melhor os seus recursos. Estou muito satisfeito. Eu também quero
agradecer-lhes, porque já estão organizando o Grande Jubileu do 2017.
Irmãos
e irmãs recordem: adorar a Deus, o Senhor! Este é o fundamento! Adorar a Deus.
Busquem a santidade na nova vida do Espírito Santo. Sejam dispensadores da
graça de Deus. Evitem o perigo da excessiva organização. Saiam pelas ruas para
evangelizar, anunciando o Evangelho. Recordem que a Igreja nasceu “em saída”,
naquela manhã de Pentecostes. Aproximem-se dos pobres e toquem neles, nas
feridas de Jesus. Deixai-vos guiar pelo Espírito Santo, com liberdade; e por
favor, não engaiolem o Espírito Santo! Com liberdade! Busquem a unidade da
Renovação, unidade que vem da Trindade! E espero todos vocês, carismáticos de
todo o mundo, para celebrar, junto com o Papa, o vosso grande jubileu, em
Pentecostes de 2017, na Praça São Pedro! Obrigado!