sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Origem e propósito do Advento

O Advento tem suas raízes nos primeiros séculos do cristianismo, quando a Igreja começou a organizar o calendário litúrgico para celebrar os mistérios da fé. Inicialmente associado à preparação para a Epifania, este tempo ganhou maior estrutura com o passar dos séculos, tornando-se uma jornada de quatro semanas dedicada à expectativa pelo Natal e à reflexão sobre a segunda vinda de Cristo.

Espiritualmente, o Advento está profundamente ligado ao anseio messiânico do povo de Israel. Desde os patriarcas até os profetas, a história da salvação está marcada pela promessa de um Salvador que libertaria seu povo. No Advento, essa espera se renova, unindo-nos à história do povo eleito e nos convidando a viver com a mesma esperança que sustentou os justos do Antigo Testamento.

O propósito do Advento é claro: preparar o nosso interior para o encontro com Cristo, tanto na humildade de seu nascimento em Belém quanto na majestade de sua vinda gloriosa. É um tempo de conversão e vigilância, que nos ensina que a verdadeira preparação não está nas aparências externas, mas no coração disposto a acolher o Salvador. A pergunta central do Advento, então, permanece: estamos prontos para recebê-lo?

Advento no calendário litúrgico

O Advento é o primeiro tempo do ano litúrgico, marcando o início de um novo ciclo que culminará nas celebrações da Páscoa. Sua duração é de quatro semanas, começando no domingo mais próximo ao dia 30 de novembro e terminando na véspera do Natal. Cada uma dessas quatro semanas é descrita por uma ênfase particular, refletindo a expectativa e a preparação tanto para o nascimento de Cristo quanto para sua segunda vinda.

O calendário do Advento é estruturado em torno de quatro domingos, cada um com um tema específico. No primeiro domingo, que abre o tempo, chama os fiéis a uma vigilância ativa e ao arrependimento. O segundo e o terceiro domingos falam da alegria e da esperança que sustentam a esperança do Salvador, enquanto o quarto domingo, próximo ao Natal, nos convida a uma reflexão mais íntima sobre a encarnação de Deus. O simbolismo das velas da coroa do Advento também acompanha esse caminho, com cada vela acesa representando uma etapa da preparação espiritual.

No ciclo litúrgico da Igreja, o Advento é, portanto, um momento de renovação e preparação. Ele não apenas nos prepara para a celebração do Natal, mas também nos coloca em sintonia com toda a história da salvação. Portanto, ao vivenciarmos cada domingo do Advento, somos chamados a renovar a nossa fé e vigiar, aguardando com esperança o retorno de Cristo.

Fonte: Blog da Minha Biblioteca Católica

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Coroa do Advento: entenda seu significado

Os símbolos nos ajudam a compreender os mistérios que envolvem a fé. Cada tempo litúrgico tem a sua cor, por exemplo, e representa algo. Um dos símbolos bastante conhecidos do período que antecede o Natal é a Coroa do Advento, uma guirlanda adornada com velas que, por meio de seus elementos visuais, nos conduz a preparação para a vinda do Messias.

O tempo do Advento

O Advento é o início de um novo ano litúrgico na Igreja Católica. Ao longo das quatro semanas que antecedem o Natal, as leituras e os símbolos deste tempo litúrgico auxiliam os fiéis a se prepararem para a vinda do Senhor. Assim como Deus preparou o seu povo ao longo de muitos anos, para a chegada do Messias, a Igreja também orienta os fiéis a estarem prontos para um encontro com o Senhor. Seja na hora da nossa morte, seja na Sua segunda vinda. Por isso, no Advento, não apenas revivemos a expectativa do nascimento de Jesus, mas somos chamados à vigilância e à oração, a fim de nos prepararmos para a vinda do Senhor.

 O que é a coroa do advento?

A Coroa do Advento é um símbolo cristão, especialmente presente na tradição católica, e marca o início do Advento a cada ano. Encontramos este símbolo luminoso principalmente nas Igrejas, mas também nos lares dos fiéis. A coroa é composta por um círculo de ramos verdes, quatro ou cinco velas e, às vezes, fitas, geralmente na cor vermelha.

O círculo representa o tempo contínuo, transmitindo a ideia de eternidade; a forma circular também lembra que Cristo é o início e o fim (alfa e ômega). A fita vermelha simboliza o amor de Deus por nós, e a cor verde nos remete à vida e à esperança. Contudo, são as velas que se destacam, pois o Natal é sobretudo uma festa de luz: Cristo é a luz que vem.

A história da coroa do Advento

Talvez poucos saibam, mas a Coroa do Advento teve origem em 1839, em Hamburgo, na Alemanha, por meio da iniciativa do pastor luterano Johann Hinrich Wichern. 3 Ele dirigia uma casa que prestava assistência social aos menos favorecidos, incluindo muitas crianças carentes. E à medida que se aproximava a época do Natal, as crianças não paravam de perguntar quando esse dia iria chegar. Sendo assim, Wichern, naquele ano, teve a ideia de criar uma espécie de calendário luminoso para auxiliar na contagem regressiva até o Natal. Utilizando uma roda de carroça, ele colocou uma vela para cada dia do Advento. Eram 24 pequenas velas para os dias da semana e quatro velas maiores para simbolizar os domingos. Essa ideia não apenas ajudou as crianças a marcarem o tempo até o Natal, mas se tornou um símbolo visível da espera do Messias.

A prática de usar a coroa logo se espalhou por diversas denominações cristãs, que a foram adaptando ou simplificando, até chegar ao uso das quatro velas para cada domingo que antecede o Natal. Além disso, passou-se a unir a esta ideia a tradicional guirlanda de Natal, resultando no que conhecemos hoje como a coroa do advento.

A transição para a tradição católica foi gradual, iniciando por volta do ano de 1925. A aceitação mais ampla entre os católicos aconteceu pela influência do movimento litúrgico, que valorizava a espiritualidade litúrgica. Desse modo, com o passar do tempo, Coroa do Advento pareceu integrar-se de maneira mais harmônica com a liturgia e a espiritualidade católica do que com as origens luteranas. Isso acontece porque a Igreja Católica vive o tempo litúrgico como um tempo sagrado, com suas cores e símbolos, todos os anos.

As velas do Advento

A característica marcante da coroa do Advento são as quatro velas: três roxas e uma rosa. A primeira vela, que é roxa, representa a esperança. Ela nos lembra da esperança inabalável que temos dentro de nós enquanto aguardamos a chegada do nosso salvador. A segunda vela, também roxa, significa paz, ela nos chama a buscar a paz interior e a espalhar paz para aqueles ao nosso redor. A terceira vela, que é rosa, incorpora a alegria. Acesa no Domingo, ela serve como um lembrete para nos alegrarmos que a vinda de Cristo está próxima. A quarta vela, roxa como as duas primeiras, representa o amor. Ela simboliza o amor ilimitado de Deus, que somos chamados a compartilhar com os outros.

Em certas coroas do Advento, particularmente aquelas comumente vistas em Igrejas, uma vela branca central conhecida como vela de Cristo. Por vezes é acesa no dia de Natal, simbolizando a vida de Cristo.

Fonte: Blog da Minha Biblioteca Católica.

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Por que o Advento é tempo de alegria?


O Advento começou, marcando não apenas a preparação para o Natal, mas também o início de um novo ano litúrgico na Igreja! 

Este é um tempo especial de expectativa e esperança, onde somos convidados a renovar nossa fé e alegria pela vinda de Jesus, ou seja, nos convidam à reflexão e à renovação espiritual.

Assim como Nossa Senhora, que acolheu o Salvador com fé e esperança, somos chamados a nos preparar para receber Jesus em nossas vidas. A penitência e a oração são formas de cultivar essa expectativa e aproximar-nos do Senhor.

Mas você já se perguntou por que o Advento é considerado um tempo de alegria?

Um dos pontos centrais que nos ajudam a entender essa alegria é a cor litúrgica usada durante esse período. O roxo é a cor predominante nas celebrações do Advento, simbolizando a penitência e a preparação. Porém, essa cor também traz em si a expectativa jubilosa pelo nascimento de Cristo.

No terceiro domingo do Advento, conhecido como Domingo Gaudete, a cor litúrgica muda para o rosa, representando a alegria intensa que se aproxima com a chegada do Salvador.

Prepare-se para o Natal com o coração renovado e cheio de esperança. Vamos juntos viver este tempo com profundidade e alegria!


segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

“Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará!” (Ef. 5, 14b)

Caríssimos irmãos e irmãs, graça e paz da parte de Nosso Senhor Jesus Cristo! Um feliz e abençoado Ano-Novo!

 Esta é a Palavra Norteadora que o Senhor deu à RCC para este ano da graça de 2023. Extraída do Capítulo 5 da Carta de São Paulo aos Efésios, São Paulo está nos exortando sobre a nossa nova condição: já não somos das trevas, mas somos filhos da luz. Portanto, produzamos os frutos da luz, não tenhamos mais sociedade com as obras das trevas, mas comportemo-nos como verdadeiras luzes.

Alguns verbos e expressões parecem-nos fundamentais para imergirmos nesta palavra norteadora: despertar significa acordar, sair do sono, sair do estado de torpor, da inércia; readquirir força, retomar atividade, ficar esperto! Levantar-se denota ficar de pé, colocar-se em ordem de marcha, inaugurar um novo dia, começar de novo.

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Dons de Santificação ou Infusos

 1 – A MISSÃO DO ESPÍRITO SANTO

A missão do Espírito Santo é fazer que tomemos posse da salvação que nos foi conquistada pelo preço do Sangue e pela Ressurreição de Jesus.

Sua ação em nós se dá: Age em nós nos santificando, isto é, transformando nosso coração e nossa mentalidade, Convertendo, convencendo-nos acerca do pecado, Restaurando em nós a imagem e semelhança de Deus, que foram desfiguradas pelo pecado.

Operacionalizar e interiorizar a salvação são obras do Espírito em nós. “O homem tem, pois, uma vocação, a vida no Espírito” (cf. Catec. 1699).

Pelo pecado o Homem foi atingido no seu todo: Bio (Corpo), Psíquico (Mente) e Espiritual.

A Inteligência ficou obscurecida; A Vontade foi enfraquecida; A Liberdade foi abalada (Escravos de vícios, mazelas, falsa concepções de liberdade); O Emocional ficou desequilibrado (Carências, inconstâncias, desamor, falta de perdão)

segunda-feira, 6 de junho de 2022

Quando e como usar esse carisma?

 


Antes de qualquer coisa é necessário entendermos o que significa a palavra Profecia. Ao consultar o dicionário, encontramos o seguinte significado: Ação de predizer (prever) o futuro, que acredita ser por meio de uma inspiração divina: as profecias bíblicas. E de fato, o ato de profetizar nada mais é que deixar Deus falar o que, e como irá realizar algo em nossas vidas. Ao orarmos, conversamos com o Senhor, e como em todo diálogo há o momento de falar e o de escutar e é justamente nesse momento que o carisma da Profecia surge em nosso coração. Quando profetizamos o Senhor utiliza a nossa boca para falar ao nosso irmão, nesse caso é necessário discernir quando e como usar esse carisma tão importante.

“Aquele, porém, que profetiza fala aos homens, para edificá-los, exortá-los e consolá-los” (1Cor 14,3). Veja bem, irmão, a Profecia não vem para humilhar, entristecer, desesperançar, muito menos para sobrepor a vontade do condutor da profecia sobre decisões importantes na vida do irmão. Ao contrário, ela vem para acalmar, produzir esperança, aliviar, fazer crescer e gerar paz. De uma forma bem simples e clara, profetizar é ser o porta-voz de Deus.

Os carismas são diversos (cf. 1Cor 12, 1.4-11), todos são dados pelo Espírito Santo para cada um de nós e devem ser usados para edificação da comunidade. “Carismas são graças especiais que significam favor, dom gratuito, benefício; ordenam-se à graça santificante e têm como meta o bem comum da Igreja, acham-se a serviço da caridade, edificando a Igreja” (Catecismo da Igreja Católica nº2003).

Entendemos, portanto a necessidade de exercitarmos os carismas nas reuniões de Oração, em especial o carisma da Profecia. O Senhor deseja falar conosco, e na reunião de Oração Deus quer falar, então devemos manter o nosso coração em sintonia com o Senhor, para que possamos reconhecer o desejo de Deus. Observamos, assim, a importância do uso dos carismas no “ciclo carismático”, ciclo esse que compreende o louvor, a oração e a profecia, funcionando como canal de comunicação entre Deus e os homens.

A Profecia é sempre falada na primeira pessoa do singular (Eu), porque é o próprio Deus a falar conosco. Quando recebemos uma Profecia podemos ou não proclamá-la, Deus não nos obriga, cabe a nós decidir, nesse momento não perdemos a consciência, temos o controle do que fazer, porém recebemos essa inspiração divina que pode vir acompanhada de manifestações espirituais (paz profunda, amor de Deus), assim como manifestações físicas (aceleração do coração, garganta apertada, calor espalhado por todo o corpo) e que servem para identificar quando a Profecia vem. Ao proclamá-la devemos pedir ao Espírito Santo a Palavra de Sabedoria e o Discernimento dos Espíritos para proferir as palavras de forma adequada, sem assustar ou desestimular àqueles que se encontram na assembleia. Podemos proclamar em línguas ou língua vernácula (idioma local). Quando é proclamada em línguas,  deve vir seguida do dom da interpretação em línguas, que não é uma tradução, mas, como o próprio nome diz é a interpretação do que o Senhor falou àquele povo, a assembleia não pode sair da reunião sem essa compreensão.

Jesus diz: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço e elas me seguem” (Jo 10,27), da próxima vez que participarmos de uma reunião de Oração, estejamos abertos ao que o Senhor fala, tenhamos intimidade com o Pai, por meio de uma oração pessoal diária, leitura orante da Palavra e vida sacramental. Mantendo nossas práticas espirituais em dia ficará mais fácil vivenciarmos esse carisma e utilizarmos para a edificação da comunidade sempre que o Senhor quiser utilizar de nós para isso.

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Grupo de Oração: lugar de Curas e Milagres


 

Milagre é todo acontecimento ou fato que foge das leis naturais e que a ciência não consegue explicação. Os Milagres são operados pelo próprio Jesus, que age por misericórdia em favor do homem, contrariando as leis da natureza. A cura é a resposta de Deus a uma oração; é a ação de Deus na vida do homem (Ex 15,26; Mt 8,16-17).

Desde que a RCC surgiu, muitas pessoas foram transformadas pelo poder do Espírito Santo. As manifestações do poder de Deus se tornaram algo impactante e revelador para muitas pessoas em todo o mundo através dos Grupos de Oração, essas manifestações foram extraordinárias através de curas e milagres, cumprindo-se uma promessa de Deus de que “esses milagres acompanhariam os que acreditassem” (Mc 16,17).

Essas manifestações em nossos Grupos de Oração não podem acabar, muito menos esfriar, pois “Jesus é sempre o mesmo ontem, hoje e por toda a eternidade” (Hb 13,8). Quando Jesus enviou os apóstolos a evangelizar, deu-lhes o poder de expulsar todos os espíritos imundos e de curar todas as enfermidades (cf. Mt 10,1), e esse mandato precisa ser fortalecido e colocado em prática semanalmente nas reuniões de oração, pois este “é o lugar da expectativa e, ao mesmo tempo, da realização da promessa perene de Deus; é o Cenáculo de Pentecostes dos dias atuais” (Apostila Grupo de Oração, Módulo Básico).

Algumas condições para receber e ser canal de curas e milagres:

1. É preciso ter fé – O Senhor manifesta o seu poder de cura e milagres para dar fé a quem não tem e aumentar a fé de quem já tem. No dia da transfiguração do Senhor, um pai levou o dele filho possuído pelo demônio e os discípulos não conseguiram expulsar. Depois que Jesus o libertou, eles perguntaram a Jesus por que não conseguiram fazê-lo. Ele respondeu-lhes: “por causa de vossa falta de fé. Em verdade vos digo: Se tiverdes fé (...), nada vos será impossível”. Mt 17, 15-20 .

2. É preciso pedir – A Palavra de Deus diz que tudo que pedirmos ao Pai, em nome de Jesus e com fé, Ele nos concederá (Jo 14,13). E ainda orienta: “pedi e recebereis, buscai e achareis...’ (Lc 11,9-10).

3. ldentificar a causa – algumas enfermidades estão relacionadas a outros fatores como a necessidade de dar e receber o perdão, a traumas adquiridos durante toda a vida, em alguns casos desde o ventre materno, carência de amor, talvez precise de arrependimento de seus pecados ou até mesmo renunciar práticas ocultas e ao homem velho (Ef 4, 22). Entretanto, Deus realiza seus prodígios quando e da forma que Ele quer “porque é Deus quem, segundo o seu beneplácito, realiza em vós o querer e o executar” (Fl 2,13). Muitas vezes, independente dessas condições. Deus cura e liberta porque, além de amar com um amor incondicional (Os 11,1-4), Ele quer a pessoa sarada, limpa e purificada. Quando uma pessoa vai ao Grupo de Oração, é necessário, acima de tudo, que ela se sinta amada e acolhida, principalmente quando ela mais necessita, seja por uma enfermidade ou outra situação. O

papel mais importante para o exercício do carisma de curas e milagres é deixar-se conduzir pelo Espírito Santo. É fazer com que as pessoas se sintam acolhidas, amadas e edificadas com a ação de Deus através do irmão que o acolheu.

Podemos até nos questionar: Em que momento pode acontecer a manifestação de curas e milagres no Grupo de Oração? Nossos Grupos precisam ser celeiros de curas e milagres; a cura acontece desde o acolhimento, quando a pessoa é recebida com um aperto de mão e um abraço, ali já começa o processo de cura e libertação na vida daquela pessoa. Durante a reunião, no ciclo carismático, podem ser usadas dinâmicas de orar um pelo outro, um abraço, usar a criatividade e as moções que vêm do Espírito. Não podemos esmorecer na fé, nem deixar que a modernidade e o mundo dominado pelo pecado nos tirem da graça de Deus ou esfriem a fé daqueles que o Senhor confiou a cada um de nós. É necessário, acima de tudo, saber que toda semana temos um encontro marcado com Jesus no Grupo de Oração, que é um lugar abundante de curas e milagres.

O dom de línguas no Grupo de Oração


Jesus disse: “Estes milagres acompanharão os que crerem: expulsarão os demônios em meu nome, falarão novas línguas,…” (Mc 16, 17). Ao estudarmos sobre os dons carismáticos ou dons efusos, geralmente iniciamos pelo dom de línguas. Por que será? Por ser menos importante? Por ser o dom mais frequente aos que passam pela experiência do novo nascimento? Por ser um dom carismático que mais “aparece”? Ou por ser, segundo alguns, o mais “estranho” de todos eles? Sim e não.

Por certo, o dom de línguas não é menos importante, pois serve como uma porta, mas uma porta principal, que nos oferece acesso para os demais dons, justamente pelo caráter de abertura do coração que esse dom nos confere. Pode-se dizer que é uma porta baixa, baixíssima, e que só estará ao alcance para os que decidirem descer de seu intelectualismo formal, de sua postura adulta e racional, do apego a sua autoimagem. Isso, porque é preciso fazer-se criança para conversar com o Senhor. Eis aí o segredo para acolher o dom carismático das línguas: fazer-se criança, fazer-se pequeno. Todos nós somos chamados a estar com o Senhor, a ser um Amigo de Deus e falar com Ele “face a face” (Ex 3, 11). E ter um relacionamento de amizade com o Senhor deve ser a coisa mais importante em nossas vidas: “... no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a boa parte, que lhe não será tirada” (Lc 10, 42).

Nessa premissa, esse dom se faz grande, valioso e importante para a santificação dos fiéis, pois nos aprimora na intimidade com o Senhor, num diálogo filial em que o próprio Espírito Santo vem orar em nós. “Outrossim, o Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza: porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis. E aquele que perscruta os corações sabe o que deseja o Espírito, o qual intercede pelos santos, segundo Deus” (Rm 8, 26-27). “Aquele que fala em línguas não fala aos homens, senão a Deus: ninguém o entende, pois fala coisas misteriosas, sob a ação do Espírito” (I Cor 14, 2). “Ora, o Espírito orando no homem será pouca coisa?” (Encarte da Revista Renovação N.55).

Pode-se dizer que os capítulos 12, 13 e 14 da primeira Carta de São Paulo aos Coríntios se constituem num minucioso tratado de Paulo sobre os dons carismáticos. Todo dom de Deus é uma dádiva, um presente que nos é dado para benefício próprio ou para o bem da comunidade, ou seja, para a edificação de todos. No caso do dom das línguas, de forma especialíssima, um dom de oração, de adoração, dom particular.

O Catecismo da Igreja Católica, no número 2013, ensina: as graças especiais, também chamadas carismas, segundo o termo grego empregado por São Paulo e que significa favor, dom gratuito, benefício. Qualquer que seja o seu carácter, por vezes extraordinário, como o dom dos milagres ou das línguas, os carismas estão ordenados para a graça santificante e têm por finalidade o bem comum da Igreja. Estão ao serviço da caridade que edifica a Igreja.

Paulo, em I Cor 14, 4 nos orienta: “Aquele que fala em línguas edifica-se a si mesmo”. Esse edificar-se pode ser entendido por “construir, induzir ao bem e à virtude”. Dessa forma, o próprio apóstolo nos aponta um benefício pessoal do dom de línguas que pode ser comparado ainda a uma ferramenta do Espírito Santo de Deus que, sem cessar, trabalha na obra de santificação de cada fiel. De forma alguma podemos abdicar de tamanha graça, seja em nossa oração individual, seja orando em reunião com os irmãos.

“... a oração em línguas, de caráter usualmente particular, pessoal, e que, portanto não requer interpretação. Embora de caráter pessoal, ela pode ser exercitada também de modo coletivo, o que acontece nas assembleias onde todos exercem o “dom particular de orar em línguas”, ao mesmo tempo; obviamente, não supõe interpretação. No entanto, Deus – que ouve a oração que milhares de fiéis lhe dirigem concomitantemente de todos os cantos da Terra – por certo entende”.

Nas reuniões dos Grupos de Oração da Renovação Carismática Católica o exercício dos dons carismáticos deve acontecer de forma natural, haja vista ser sua prática um dos pilares no qual se assenta a identidade do Movimento. Os dons, quando exercidos pelos participantes e servos que conduzem a reunião de oração, liberam cura, restauração e libertação. A assembleia é edificada, cresce na fé e santidade.

Para que a reunião de oração seja autenticamente carismática, os servos e demais participantes entram no que costumamos chamar de “Ciclo Carismático”, um momento de grande graça, em que todos são mergulhados no Espírito Santo e, através da escuta profética, o Senhor fala com seu povo. Por certo, o ciclo carismático é iniciado desde que o participante adentra no recinto da reunião de oração, pois a acolhida fraterna dos irmãos traz conforto e alegria, portanto, ali Deus já pode se manifestar se assim o quiser, pois a iniciativa de falar ao seu povo, de tocar os corações é sempre d’Ele e para isso, pode fazer uso dos mais diversos meios e momentos. Todavia, uma sequência de cantos, orações e louvores, ajudará a assembleia reunida a abrir-se à graça derramada, libertando-se de seus fardos e misérias. A oração em línguas surge, por conseguinte, como um auxílio do próprio Espírito Santo que vem em ajuda à falta de palavras em vernáculo para se orar. A oração em línguas e o canto em línguas com fins de glorificação do Senhor, seguido pelo silêncio (silêncio esse tão necessário), ajudam a tornar o ambiente oracional fecundo para a manifestação dos demais dons carismáticos. Os participantes ficam como que na expectativa de se ouvir o Senhor que poderá se manifestar por meio do dom carismático da palavra de ciência, de profecia, de cura, sabedoria e de outros.

João Paulo II, agora São João Paulo II, com sua Dominum et Vivificantem, e a inspirada exortação pronunciada na celebração de Pentecostes de 29 de maio de 2004, dizia: “Desejo que a espiritualidade de Pentecostes se difunda na Igreja como um impulso renovado de oração, santidade, comunhão e anúncio. [...] Abram-se com docilidade aos dons do Espírito Santo! Recebam com gratidão e obediência os carismas que o Espírito não cessa de oferecer!” Ressalta-se que se Deus sempre agracia seu povo, caberá a cada servo que faz parte do núcleo de serviço e dos demais ministérios buscar uma vida consagrada, submissão ao Espírito Santo de Deus e intimidade com Ele por uma vida pessoal de oração cotidiana.

Torna-se relevante também conhecer e aprofundar-se acerca dos dons carismáticos através de uma formação sólida! Mesmo sabendo de antemão que é de Deus sempre a iniciativa, não se pode deixar de considerar o caráter de colaboração do servo dirigente da reunião e dos demais servos nesse processo de condução da oração, de escuta e exercício dos dons. Todos eles precisam estar cheios de Deus e vazios de si, para serem usados pelo Espírito Santo.


Fonte: RCCBrasil

segunda-feira, 9 de maio de 2022

A Liderança e o Discernimento dos Espíritos

 


Discernir é a capacidade de separar com plena distinção o certo do errado, de avaliar com tino e clareza a situação que se apresenta. Há várias formas de discernimento, que podem vir através da virtude da prudência (reflexivo e doutrinal), dos dons intelectuais de santificação (principalmente o dom do conselho) ou por manifestação  carismática, sobre a qual pretendemos tratar.

Do conjunto das graças chamadas gratia gratis data(graça dada gratuitamente), a ação do Espírito Santo que revela o princípio animador de todas as coisas, que pode ser divino, humano ou diabólico, recebe o nome de dom carismático do discernimento dos espíritos. Trata-se de um dos dons comentados por São Paulo quando escreve aos Coríntios 12, 10c: “a outro o discernimento dos espíritos”.

Esse tipo de manifestação carismática merece especial atenção da parte da liderança da Renovação Carismática Católica, a qual, pretendendo seguir devotamente o Espírito Santo, lida com uma grande obra de evangelização que requer clareza sobre a vontade de Deus em seu itinerário.

Como qualquer carisma extraordinário, o discernimento é dom de serviço que se manifesta conforme a necessidade. No caso, discernir os espíritos é necessidade imperiosa no apostolado carismático, seja no uso de outros carismas, como o de línguas, de profecia, seja nalgumas propostas ou situações que se apresentam, enfim, no dia a dia da vida carismática.

Mas, o mais importante nisso tudo é compreender que é Deus quem diz o que realmente é necessidade para o homem, para uma obra. Por isso, São Paulo afirma em I Cor 12, 7 que “a cada um é dada a manifestação do Espírito”, e que o “Espírito distribui todos esses dons, repartindo a cada um como lhe apraz” (I Cor 12, 11), e existem tesouros maravilhosos nessas expressões do Apóstolo. Primeiro, pode-se entrever que o Espírito Santo é o grande maestro da sinfonia carismática, da manifestação dos dons. Aleluia! Segundo, que o mesmo Espírito tudo dirige como lhe apraz, como quer. Aleluia!

É claro para o Movimento que discernimento dos espíritos “é o ‘dom do Espírito Santo através do qual uma pessoa percebe, intuitiva e instantaneamente, quais espíritos estão presentes e operantes em uma palavra, ação, situação ou pessoa’” (Módulo Básico).

Evidente que essa percepção tem natureza de revelação divina. Não há qualquer esforço que se possa fazer capaz de produzir uma manifestação do Espírito de tal índole. Isso nos coloca inteiramente na dependência de Deus, pois, é “Deus que opera tudo em todos” (cf. I Cor 12, 6b). Se Ele não vier com os esplendores de sua ação, nada acontece, estamos perdidos na incerteza da procedência dos moveres que nos cercam, como um navio sem rota.

Por fim, coloquemo-nos ao inteiro dispor de Deus. Ele conhece as nossas necessidades, as necessidades de nosso Movimento. Ele sabe a melhor hora de se manifestar. Se cultivarmos a docilidade para com Ele, temos um caminho aberto para as feituras de grandes coisas. E Deus, que “não é Deus de confusão, mas de paz”(cf. I Cor 14, 33), nos socorrerá com o auxílio de sua graça, que deve ser suplicada incessantemente por cada um nós.

Fonte: Site RCC Brasil.

Carismas da Palavra de Ciência e Palavra de Sabedoria para a Edificação da Igreja

 

Os dons do Espírito Santo são conhecidos também por “carismas”, segundo a palavra grega, e significam favor, dom gratuito, benefício. A Palavra de Deus nos garante que podemos receber estes carismas, conforme a vontade de Deus: “é o único e mesmo Espírito que isso tudo realiza, distribuindo a cada um os seus dons, conforme lhe apraz” (1Cor 12,11). A Igreja também se refere aos carismas, quando nos diz que estes “devem ser acolhidos com reconhecimento por aquele que os recebe, mas também por todos os membros da Igreja” (Catecismo, nº 800).

Os carismas não são, portanto, novidade trazida pela Renovação Carismática Católica, mas “são uma maravilhosa riqueza de graça” (Catecismo, nº 800) para a vida dos filhos de Deus. Os carismas visam o bem comum da Igreja, a santificação do povo de Deus e, ainda, o auxílio às necessidades do mundo. Em síntese, podemos dizer que os carismas estão a serviço da caridade.

Nossos Grupos de Oração são “calorosos espaços de oração comunitária”(Documento de Aparecida, nº 362) e, por isso, são também espaços privilegiados para a ação carismática do Espírito na vida dos seus filhos. Assim, é corriqueiro que em nossos Grupos de Oração aconteçam manifestações carismáticas, em especial os carismas da palavra de ciência e da palavra de sabedoria, abordados a seguir.

O carisma da Palavra de Ciência é uma revelação sobrenatural de algo que só Deus conhece, além da pessoa que está passando pela situação; é um dom gratuito do Espírito Santo, através do qual é revelada uma situação, um fato ou uma lembrança, relacionada a acontecimentos passados ou presentes e que estão causando problemas à vida de

determinada pessoa. Podemos dizer que a palavra de ciência é o diagnóstico de Deus para situações problemáticas de nossa vida, pois por meio deste carisma, pode-se chegar à raiz de um problema (por exemplo, uma doença) ou ao conhecimento de uma cura.

O carisma da Palavra de Sabedoria é uma ação de Deus, a qual orienta como fazer determinada coisa ou o que e como dizer em determinado momento. A palavra de sabedoria inspira o homem como agir, falar ou se comportar em situações concretas da vida, levando a pessoa a decidir de acordo com a vontade de Deus; se a palavra de ciência é o diagnóstico para uma determinada situação, isto é, mostra a causa, podemos dizer que a palavra de sabedoria é o remédio para tratar esta situação; este carisma está intimamente ligado ao uso da palavra de ciência, embora possa acontecer separadamente.

Em nossos Grupos de Oração espalhados pelo Brasil e pelo mundo, recebemos semanalmente diversas pessoas, filhos e filhas de Deus, que tem suas vidas feridas pelo pecado e por tantas situações difíceis e problemáticas da sociedade; estes buscam curas físicas, buscam resoluções de conflitos, poderíamos dizer que todos buscam a paz, ora por meio de cura física ou emocional, ora por meio do louvor e da adoração. É neste ambiente, de pessoas sedentas por Deus e necessitadas do Seu amor que o Senhor deseja se manifestar, utilizando-se de pessoas que possam ser guiadas por Ele, para abençoar a vida dos seus irmãos.

Uma vez que a palavra de ciência e a palavra de sabedoria são carismas, estes são ordenados à edificação da Igreja, ao bem dos homens e às necessidades do mundo. Assim, é natural que num espaço onde existam pessoas doentes e necessitadas de Deus, os carismas aconteçam. No Grupo de Oração, por exemplo, depois das músicas de animação e

louvor, as pessoas são conduzidas a erguerem seus braços e louvarem a Deus com suas palavras, expressando sua gratidão, alegria e fé; há também a oração em línguas, onde deixamos o próprio Espírito Santo louvar em nós e, assim, silenciamos para ouvir o Senhor e o que Ele deseja nos falar naquela noite. É neste momento de silêncio e escuta de Deus que os carismas da palavra de ciência e da palavra de sabedoria podem e devem acontecer. É nesta hora que o Espírito Santo provavelmente revelará situações problemáticas ou doenças que estão sendo tratadas, é nesta hora que o Espírito Santo nos mostrará onde Jesus está agindo na vida daqueles irmãos que estão no Grupo de Oração e, além disso, o Espírito Santo mostrará como tratar as situações de vida que estão incertas, as dúvidas que existem e tantas outras coisas que tem tirado a paz daqueles filhos e filhas de Deus.

Por fim, cabe lembrar que o Senhor não nos agracia com carismas para que estes fiquem guardados, mas para os colocarmos a serviço dos nossos irmãos e irmãs. Grupo de Oração é expressão eclesial, isto é, uma forma de ser Igreja, portanto, quando nós exercemos os carismas naquele local, estamos colocando-os à serviço do Corpo de Cristo, visando sua edificação, assim como o bem de todos os homens.

Fonte: Site RCC Brasil.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Tornar a mensagem compreensível aos irmãos


Somos a Renovação Carismática Católica! Movimento eclesial que atende aos critérios de comunhão e missão da Igreja. No nível da comunhão (koinonía) e no nível do serviço (diakonía). É, portanto, a esse segundo grupo que pertencem os “Carismas”. Os carismas fazem parte da nossa trilogia identitária. “A identidade da Renovação pela prática dos carismas é tão veemente que dispensa maiores análises. Basta lembrar que o próprio nome com a qual nos designam - ‘carismáticos’ – advém dessa prática” (Apostila Identidade da Renovação Carismática Católica, Módulo Básico).

Os carismas são dons, são presentes do Espírito Santos para nós. “Mas é o único e mesmo Espírito que isso tudo realiza, distribuindo a cada um dos seus dons, conforme lhe apraz” (I Cor 12, 11). O Frei Raniero Cantalamessa, pregador da casa pontifícia, em seu livro “A poderosa unção do Espírito Santo” nos explica que carisma é uma manifestação ou epifania do Espírito para a Igreja. Desta forma, podemos compreender que os carismas são manifestações extraordinárias do Espírito Santo, acessíveis para todos os fiéis, pois são ordenados à edificação da Igreja, ao bem dos homens e às necessidades do mundo. (cf. CIC 799).

Abordaremos neste espaço um dos carismas que compõem o grupo dos dons efusos do Espírito Santo, o carisma da interpretação das línguas, que é um dom de inspiração. É importante situarmos esse carisma dentro da nossa realidade de Grupo de Oração, a célula fundamental da Renovação Carismática Católica, onde os “carismas devem ser manifestados sem restrições, pois fazem parte do ‘Ver e ouvir’ que convence aqueles que estão chegando” (Apostila Grupo de Oração, Módulo Básico)

Qual carismático ainda não ouviu um canto ou profecia em línguas dentro da reunião de oração? Essa manifestação do Espírito ocorre dentro do ciclo carismático: louvor – oração – silêncio – profecia – louvor. Geralmente, depois da oração em línguas no momento de silêncio que segue (Escuta ao Senhor), uma voz se destaca em meio à assembleia e é nesse momento que todas as outras vozes se calam para ouvir, quer seja um canto profético em línguas, que uma profecia (falada ou orada) em línguas. Esse é, em especial, um dos grandes momentos dentro da dinâmica da reunião de oração, pois todos sentem que o Espírito está agindo de modo extraordinário na assembleia.

O carisma da interpretação das línguas é a faculdade de perceber o sentido da oração ou da profecia em línguas. Não se confunde com (tradução), é um impulso, através de uma unção espiritual, por meio do qual a pessoal capta o sentido da mensagem e comunica-a, para torna-la compreensível aos membros da comunidade. (Apostila Carismas, Módulo Básico). “É por isto que aquele que fala em línguas deve orar para poder interpretá-las” (I Cor 14, 13). O intérprete sente-se compungido pela ação do Espírito e se lança confiantemente no exercício do dom.

Pode acontecer, não raramente, de haver mais de um intérprete para aquela determinada “profecia ou canto em línguas”. O critério deve obedecer ao dom do “discernimento dos espíritos e como no exercício do dom da profecia geralmente são aceitas quando confirmadas pela assembleia. Algo importante, a saber, é que nem toda oração em línguas é uma profecia em línguas, esta última só acontece quando há uma unção profética que é bem específica, é quando o Senhor deseja falar ao seu povo quer seja para: edificar, exortar ou consolar” (cf. I Cor 14,3). “Por conseguinte, irmãos, aspirai ao dom da profecia e não impeçais que alguém fale em línguas. Mas tudo se faça com decoro e com ordem” (I Cor 14, 39-40).

Mª Anete Marçal Reis - Grupo de Oração Vem Senhor Jesus

domingo, 6 de fevereiro de 2022

A fé: carisma essencial aos nossos GO

 


“A fé é um dom de Deus, uma virtude sobrenatural infundida por Ele” (Catec. § 153). Para que tenhamos a fé precisamos da graça de Deus e dos auxílios internos do Espírito Santo, que move o nosso coração e nos converte a Deus, abre os olhos da mente e dá a todos suavidade no consentir e crer na verdade.

O ser humano, por causa do pecado original, não tem condições de dar fé a si mesmo, por isso é necessária uma intervenção divina para alcançarmos tal graça. Então basta pedirmos a Deus esta graça e Ele nos concederá. Esta é uma espécie de oração que jamais nos é negada pelo simples fato de estar em absoluta concordância com a vontade de Deus.

Existem três tipos de fé:

1) A fé doutrinal - É uma virtude teologal, pela qual cremos em Deus e em tudo o que Ele nos disse e revelou, e que a Santa Igreja nos propõe a crer, porque Ele é a própria verdade. Pela fé, “o homem livremente se entrega todo a Deus”. Por isso o fiel procura conhecer e fazer a vontade de Deus. “O justo viverá pela fé” (Rm 1,17). A fé viva “age pela caridade” (Gl 5,6) – CIC § 1814.

2) A fé dom- É a confiança absoluta na vontade de Deus, é a convicção de que Deus vai honrar o que Jesus nos prometeu e agirá conforme suas palavras. É colocar-se nas mãos d’Ele e aceitar com coragem e amor o caminho de felicidade que Ele traçou para nós. Não se trata de uma intuição, emoção ou sentimento, mas sim de um compromisso com Deus. A fé exige decisão! É algo que nos compromete até o nosso último fio de cabelo. Trata-se de entregar a nossa vida nas mãos do Pai e ao mesmo tempo aceitar toda a verdade por Ele revelada.

3) A fé carismática - A fé expectante é crer naquilo que não podemos ver, é acreditar e esperar por algo que está em nosso coração, e acreditamos estar no coração de Deus, é a fé: carisma essencial aos nossos Grupos de Oração aquilo que está em I Cor 2, 9 “É como está escrito: Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64, 4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam”. É crer de uma maneira inabalável, fielmente, antes mesmo que aconteça. Tudo o que pedimos em oração, crendo que já o recebemos, nos será dado (Mc 11, 24) Crer é entender que somente por graça possuímos aquilo que recebemos de Deus. Assim como a vida humana não pode ser gestada fora do ventre materno, nós não podemos ter vida espiritual sem fé. A fé é a graça que mantém nossa vida interior, nossa busca incessante pela intimidade com Deus, o ser humano não se realiza e o seu coração não encontra paz sem a fé.

A Sagrada Escritura chega a afirmar que uma fé falsa, mantida só de aparências, faz com que a alma dessa pessoa exale como que um odor de morte. Por isso o carismático vive pela fé!

A fé carismática abre o nosso interior ao novo de Deus, para que milagres e prodígios aconteçam diariamente em nossos Grupos de Oração. Para se ter fé, basta pedir! Tomar a decisão de acreditar em Deus e se comprometer com Ele.

Juliana Castro

Grupo de Oração Vinde e Vede (COMVIVE)

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Lectio Divina - Aula 01

O assunto que vamos abordar é inesgotável, pois “Lectio Divina”, significa “leitura de Deus”, e a Deus nunca vamos acabar de ler. Arte de estudar o coração de Deus, segundo a harmoniosa definição de São Gregório Magno, a leitura participa de certo modo, da intimidade de seu objetivo próprio. Por isso, quanto mais se estuda, mais qualidades se descobrem nela, mais ricos se revelam os múltiplos aspectos que apresenta. Ao dar por concluídos nossos colóquios, teremos a impressão de que apenas havíamos abordado o assunto.

“Adão, onde estás?” A voz do Todo-Poderoso ressoa no Paraíso. Deus buscava o homem que havia plasmado à sua imagem e semelhança. Queria falar com ele, como todos os dias, quando passava pelo jardim, à hora da brisa da tarde. Adão, o homem, havia desobedecido ao seu Criador e se havia escondido. O pecado do homem destruiu brutalmente a familiaridade com Deus. Isto é o que quis dizer o Gênesis em suas primeiras páginas.

O homem perdeu a doce e terna liberdade de expressão que lhe permitia falar a Deus como um filho fala a seu pai, como um amigo fala a seu amigo. O homem perdeu a Deus, seu criador e pai, e Deus perdeu o homem, sua imagem e semelhança, seu filho interlocutor. E, desde essa época, Deus busca o homem, e ele tem de buscar a Deus.

quarta-feira, 2 de junho de 2021

A Cultura de Pentecostes


Que a “Espiritualidade de Pentecostes” se propague pela Igreja para uma nova “Cultura de Pentecostes”

Durante o Pontificado de João Paulo II (maio de 2004) e de Bento XVI (setembro 2005), tem havido um forte encorajamento para que a Igreja propague a Cultura de Pentecostes. Obviamente este é um conceito amplo, com várias dimensões, mas, sem dúvida, este chamado encontra eco na Renovação Carismática. Por ocasião do 40º aniversário da RCC, o Cardeal Rylko, Presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, falou sobre a experiência do batismo no Espírito ou efusão do Espírito. Ele disse que esta experiência, que é central para a Renovação Carismática e que tem envolvido milhões de católicos em todos os continentes, poderia ser o ponto de partida para a Cultura de Pentecostes.

A Graça de Pentecostes é uma Graça Missionária

É, portanto, importante que abracemos o nosso mandato. Não fomos chamados apenas a ser pessoas que experimentaram um “Pentecostes pessoal”, que é obviamente muito importante, mas junto com essa experiência vem uma responsabilidade. Somos chamados a ser canais para as graças de Pentecostes na Igreja e no mundo. Quando o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos no Cenáculo, todos ficaram cheios do Espírito Santo. Eles experimentaram não apenas uma renovação pessoal, mas foram também capacitados com dons tais como a oração em línguas / glossolália e com coragem, o que lhes permitiu modificar poderosamente a cultura ao seu redor. Eles foram transformados e Pedro, que era um leigo sem instrução, foi capaz de convencer de tal forma as multidões que elas aceitaram sua mensagem e foram batizadas. Naquele primeiro dia, cerca de 3.000 novos convertidos foram acrescentados em número. Em todo o Livro dos Atos dos Apóstolos, Lucas registra muitos casos em que os apóstolos agiram no poder do Espírito Santo e, consequentemente, a Igreja começou a crescer em número (por exemplo, Atos 2, 47; 4, 4; 5, 14; 6, 1; 7; 11, 21 e 24). Portanto, a graça de Pentecostes é essencialmente uma graça missionária. Embora reconhecendo que na Renovação Carismática não temos um monopólio do Espírito Santo, parece que temos uma vocação especial para sermos embaixadores do Espírito Santo e difundir a Cultura de Pentecostes. Isto foi enfatizado pelo Papa João Paulo II em 2002, quando ele disse:

"No nosso tempo, que é tão ávido de esperança, faça que o Espírito Santo seja conhecido e amado. Ajude a trazer para a vida aquela "Cultura de Pentecostes", que só ela pode tornar fecunda a civilização do amor e da co-existência amigável entre os povos. Com insistência fervorosa, não vos canseis de invocar "Vinde Espírito Santo! Vinde! Vinde! "(Discurso aos delegados da Renovação no Espírito Santo).

terça-feira, 27 de abril de 2021

Precisamos do Espírito Santo

 


Que é o homem sem o Espírito de Deus? Obra morta condenada ao fracasso, corpo sem vida. É o Espírito Santo que possibilita ao homem a reinstalação no paraíso, a subida de novo aos céus, o retorno a adoção de filho. Ele que nos permite chamar Deus de Pai, que nos faz adentrar no mistério de Cristo morto e ressuscitado, nos faz tomar parte na glória.

Esta é a mística de Pentecostes: Deus em nós! O Espírito de Deus é enviado ao nosso espírito. Isto é a graça! Deus mora em nós e nos possibilita a viver como homens espirituais!

Ele é o Consolador perfeito e o Advogado dos pobres! O ardor poderoso do Espírito retira as almas tíbias do abismo da morte. Ele é, conforme a mais antiga definição de fé da Igreja, o “Senhor que dá a Vida”.

Espírito escondido na criação, anunciado pelos profetas, prometido por Cristo é o mesmo Espírito derramado em abundância sobre os apóstolos e a Igreja que nascia como nos descreve o Livro dos Atos dos Apóstolos. Pentecostes não acabou! É um movimento divino permanente! Enquanto houver um homem que precise da força de Deus, o Espírito deseja ser derramado sobre esta alma. Espera apenas um convite: “Vem!”

Nossa união com o Espírito Santo é absolutamente real, a tal ponto de tornar-se Ele verdadeiramente “nosso”. Ser movido pelo Espírito é, com efeito, atingir uma intimidade com Cristo e o Pai, que de outra maneira nunca seria adquirida. É preciso aproveitar este derramamento do Espírito e este tempo pentecostal que vivemos tão fortemente na Igreja de Cristo no início deste novo milênio. Visitados, inundados e transformados pelo Espírito queremos sempre permanecer.  Como Elena Guerra, queremos orar: “Que minha vida seja um constante nascer e renascer no Espírito”.

Aproveite bem o Pentecostes que Deus vai derramar este ano sobre você. Este é o meu desejo!

quinta-feira, 15 de abril de 2021

Consagração ao Espírito Santo

Oh, Espírito Santo, Espírito Divino de luz e de amor, eu vos consagro a minha inteligência, o meu coração, a minha vontade, todo o meu ser no tempo e na eternidade. Seja a minha inteligência sempre dócil às celestes inspirações e à doutrina da Santa Igreja Católica, da qual sois infalível guia; seja o meu coração sempre inflamado de amor por Deus e pelo meus irmãos; seja a minha vontade sempre conforme a vontade Divina, e toda a minha vida uma fiel imitação da vida e das virtudes de Jesus Cristo, Nosso Senhor e Salvador, ao qual com o Pai seja dada honra e gloria para sempre. Amém.

domingo, 4 de abril de 2021

A morte foi vencida e Cristo ressuscitou

 

A proclamação da Ressurreição de Cristo era o principal anúncio da Igreja Primitiva. Cristo morreu por nossos pecados, mas, a morte foi vencida e Cristo ressuscitou, como primícias daqueles que também morreram.

Imaginem a confusão que se passava na cabeça do povo, mas também, e principalmente, entre os próprios apóstolos! Também eles esperavam que um dia Jesus fosse proclamado Rei de Israel. O sentimento de triunfo naquele domingo de ramos, em que Jesus entrou em Jerusalém louvado pela multidão, confirmava as expectativas de muitos deles. “É ele! Ele é o Messias que Israel esperava! Hosana ao Filho de Davi!”.

Podemos compreender, depois desta premissa, o sentimento de frustração de todos eles olhando para Cruz. O Messias, aquele que devia libertar o povo, estava crucificado, humilhado na cruz. Estava tudo consumado...

Quando, na madrugada daquele dia, os discípulos foram despertados com a euforia de Maria que fizera-lhes o primeiro anúncio da Ressurreição e após constatarem, com os próprios olhos que o Senhor Jesus Ressuscitou, como disse, e, que ele é o Senhor, o Kyrios, a alegria voltou ao coração dos Apóstolos. A esperança não engana. “Jesus está vivo!” Este se torna o grande anúncio dos cristãos de então e deve, sem dúvidas, ser o nosso principal anúncio: Jesus está vivo!

Os homens de hoje, como os contemporâneos de Cristo, precisam ouvir, não um anúncio teórico de quem aprendeu na catequese, mas o testemunho eloquente de quem, como Paulo relatou na passagem acima, também fez o seu encontro pessoal com o Senhor. A teoria e o conhecimento doutrinal, ajudam! Mas é o testemunho que convence.

Nós, cheios do Espírito Santo, precisamos da coragem, entusiasmo e ousadia, ou seja, de “parusia” para anunciar com poder esta verdade que não pode ser mitigada: Cristo Vive! Jesus é o Senhor! Aleluia! Mais do que professores de religião ou pregadores que dão notícias de Jesus, o mundo precisa de verdadeiras testemunhas da ressurreição de Cristo. Homens e mulheres imbuídos do espírito profético para testemunhar que o Senhor Vive! Está no meio de nós com todo o seu poder e graça, atuante na sua Igreja. E disto, nós somos testemunhas!

Padre Clovis Cavalcanti de Albuquerque Neto

Instituto Divino Mestre – Brasília (DF)

FONTE: RCCBRASIL

domingo, 28 de março de 2021

Domingo de Ramos

Mc 14, 1-15,47: "Onde queres que preparemos a refeição da Páscoa?”

O relato da paixão de Jesus, que a liturgia nos propõe neste domingo ao lado do da entrada festiva de Jesus em Jerusalém (Mc 11,1-10), ocupa um quinto de todo o Evangelho segundo Marcos. É o relato mais antigo contido nos Evangelhos, uma longa narração em que encontramos o eco das testemunhas, acima de tudo de Pedro, cujo nome retorna frequentemente, e depois dos outros discípulos. Todos, porém, no momento da prisão, fogem...

segunda-feira, 22 de março de 2021

Uma ladainha em honra à Santa Cruz

As semanas que antecedem a Páscoa do Senhor ainda são Quaresma, mas, na liturgia romana tradicional, recebem um nome especial: Tempo da Paixão. É hora de intensificarmos nossas penitências, mas agora com o olhar mais voltado para a Cruz de Cristo, o madeiro bendito de onde nos veio a salvação. Por isso, nesses dias mais do que em quaisquer outros, pode ser muito apropriada a oração da seguinte ladainha em honra à Santa Cruz, a qual, embora seja de uso privado, está cheia de expressões da Sagrada Escritura e das obras dos Santos Padres. A tradução abaixo foi feita por nossa equipe a partir do seu texto original em latim. (Clique em Mais informações para ver artigo completo).

terça-feira, 16 de março de 2021

Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma de 2021

 

“Vamos subir a Jerusalém...” (Mt 20, 18).

Quaresma: tempo para renovar fé, esperança e caridade.

Queridos irmãos e irmãs!

Jesus, ao anunciar aos discípulos a sua paixão, morte e ressurreição como cumprimento da vontade do Pai, desvenda-lhes o sentido profundo da sua missão e convida-os a associarem-se à mesma pela salvação do mundo.

Ao percorrer o caminho quaresmal que nos conduz às celebrações pascais, recordamos Aquele que “Se rebaixou a Si mesmo, tornando-Se obediente até à morte e morte de cruz” (Flp 2, 8). Neste tempo de conversão, renovamos a nossa fé, obtemos a “água viva” da esperança e recebemos com o coração aberto o amor de Deus que nos transforma em irmãos e irmãs em Cristo. Na noite de Páscoa, renovaremos as promessas do nosso Batismo, para renascer como mulheres e homens novos por obra e graça do Espírito Santo. Entretanto o itinerário da Quaresma, como aliás todo o caminho cristão, já está inteiramente sob a luz da Ressurreição que anima os sentimentos, atitudes e opções de quem deseja seguir a Cristo.

O jejum, a oração e a esmola – tal como são apresentados por Jesus na sua pregação (cf. Mt 6, 1-18) – são as condições para a nossa conversão e sua expressão. O caminho da pobreza e da privação (o jejum), a atenção e os gestos de amor pelo homem ferido (a esmola) e o diálogo filial com o Pai (a oração) permitem-nos encarnar uma fé sincera, uma esperança viva e uma caridade operosa.

1. A fé chama-nos a acolher a Verdade e a tornar-nos suas testemunhas diante de Deus e de todos os nossos irmãos e irmãs

2. A esperança como “água viva”, que nos permite continuar o nosso caminho

3. A caridade, vivida seguindo as pegadas de Cristo na atenção e compaixão por cada pessoa, é a mais alta expressão da nossa fé e da nossa esperança

Roma, em São João de Latrão, na Memória de São Martinho de Tours, 11 de novembro de 2020.

Francisco

Fonte: RCCBRASIL